Por Silas Alves Figueira
O
maior perigo que a igreja corre hoje não é a perseguição, e sim a perversão. Se
Satanás não pode derrotar a igreja, tenta ingressar-se nela. A proposta de
Satanás não é substituição, mas mistura. Não é apostasia aberta, mas
ecumenismo. A ameaça mortal vem de dentro, das chamadas heresias domésticas.
Durante muito tempo lutamos
contra as Testemunhas de Jeová, contra os Mórmons, contra os Adventistas, mas
hoje estamos nos deixando seduzir pelo evangelho da prosperidade, pelo
pensamento positivo, pelo determinismo. Doutrinas orientais têm invadido as
nossas igrejas de forma caudalosa; psicologia ao invés do Evangelho
transformador está tomando os púlpitos de nossas igrejas. Líderes que estão na
mídia distorcendo as Escrituras com uma teologia louca, levando os incautos a se
decepcionarem com Deus, pois eles, em nome de Deus, fazem promessas que
distorcem o puro Evangelho.
Algum
tempo atrás havia um determinado pastor pregando na televisão dizendo que
qualquer líder ou igreja que prega que o crente tem que ficar rico é um enganador.
Ele disse assim: “não
pense que todo mundo vai ficar rico não, isso é balela, é cascata; qualquer
pastor que promete riqueza a todo mundo é um cara de pau safado, um pilantra,
ludibriador de fé. Digo aqui rasgado mesmo porque não tem conversa. Quem te
falou que todo mundo vai ficar bem financeiramente? Quem te falou que todo
mundo vai ficar rico? Onde está isso na Bíblia?”
Meses
depois, este mesmo pastor estava na televisão dizendo tudo ao contrário do que
havia dito antes (parece até música do Raul Seixas). Ele disse meses depois
assim: “você só vai
experimentar estas coisas o dia em que você aprender a ser liberal, se não você
só vai ouvir e nunca experimentar em sua vida. Agora, Deus tem falado ao meu
coração e vou dizer pra vocês, e quero ser profeta de Deus para que algum irmão
que está me vendo pela TV e que estão aqui; Deus tem falado ao meu coração,
Deus nesta reta final da igreja, Ele quer dar riquezas para crente, mas não
quer dar riqueza para miserável… Deus quer dar riquezas para crentes liberais
que vão investir na obra de Deus…”. Depois esse pastor pega uma
Bíblia de estudos que ensina como alcançar vitória financeira. Quanta
contradição!
Essa
é mais uma ruína em nossos púlpitos que já andam tão esfacelados, tão cheios de
“cupins espirituais” destruindo a sua base. Com isso em mente, vamos enumerar
mais alguns fatos que têm levado muitos púlpitos à ruína hoje:
Primeiro, há pastores gananciosos atrás do púlpito. Há pastores
mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores
que negociam o ministério, mercadejam a palavra e transformam a igreja em um
negócio lucrativo. Há pastores que organizam igrejas como empresa particular,
onde prevalece o nepotismo. Transformam o púlpito em balcão, o evangelho e os
crentes em consumidores [1].
O
Evangelho sofre atualmente grande desgaste no seio da sociedade por causa dos
“mercenários”, homens que fazem do ministério fonte de enriquecimento,
verdadeiro comércio.
A
avareza pode levar o servo de Deus a destruir seu ministério, pois se
transforma num sentimento maligno, capaz de apagar os mais nobres anseios do
espírito (Pv 15.27; Ec 5.10; Jr 17.11; 1Tm 6.10; Tg 5.3). Eis, o que a avareza
pode fazer:
–
Acã apanhou o que era ilícito, mesmo sabendo que se tornaria maldito (Js 7.21).
–
Balaão foi capaz de dar perverso conselho para ter os prêmios de Balaque (Nm
31.15,16, 22.5, 23.8; 2Pe 2.15; Jd 11; Ap 2.14).
–
Judas Iscariotes traiu o Mestre por causa de trinta moedas de prata (Mt
26.14-16).
O
pastor, portanto, deve ter cuidado para não se deixar dominar pelo sentimento
da avareza. Em busca de bom salário, pode sair do plano de Deus, e seu
ministério naufragar (Nm 16.15; 1Sm 12.4; At 20.33) [2].
Charles
Haddon Spurgeon disse:
“Será que um homem que ama mais o seu Senhor
estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo
almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da
cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões,
em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e, se
você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou a
seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus
ouvidos: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”Citado por
John MacArthur [3].
Segundo, há muitos pastores mundanos atrás do
púlpito.
A igreja contemporânea está passando por uma revolução sem precedentes, desde a
Reforma Protestante, em seus estilos de adoração. O ministério das igrejas
casou-se com a filosofia de marketing, e o “filhote monstruoso” dessa união é
um diligente esforço para mudar a maneira como o mundo enxerga a igreja. O
ministério da igreja está sendo completamente renovado, na tentativa de
torná-lo mais atraente aos incrédulos.
Os
especialistas nos dizem que pastores e líderes de igrejas que desejam ser mais
bem-sucedidas precisam concentrar suas energias nesta nova direção. Forneça aos
não-cristãos um ambiente inofensivo e agradável. Conceda-lhes liberdade,
tolerância e anonimato. Seja sempre positivo e benevolente. Se for necessário
pregar um sermão, torne-o breve e recreativo. Não pregue longa e enfaticamente.
E, acima de tudo, que todos sejam entretidos. As igrejas que seguirem estas
regras experimentarão crescimento numérico, eles nos afirmam; e as que as
ignorarem estarão fadadas à estagnação [4].
Este
tem sido, há muito tempo, os “cultos” que temos visto por aí. Mas quem se
enquadra dentro desse sistema são pastores mundanos que deixaram o caminho da
piedade para seguir o caminho do sucesso. Líderes que querem movimento e não
vidas transformadas pelo poder do Evangelho. Pastores que utilizam do
pragmatismo para ver resultados “positivos” na igreja.
Recentemente
um carro de som estava passando pelos bairros da cidade que moro convidando os
jovens para um baile funk, só que este baile era em uma igreja evangélica.
Terceiro, há muitos pastores mal intencionados
atrás do púlpito.
Há muitos pastores que distorcem a Palavra para que ela tenha o resultado
esperado nos ouvidos dos ouvintes. Como disse A. W. Tozer: “Qualquer um
consegue provar qualquer coisa juntando textos isolados” [5]. E o que mais
temos visto são textos fora de contexto sempre com um mau pretexto. Pastores
que botam na boca de Deus o que Deus não disse e tiram da boca de Deus o que
ele disse. Como certo “apóstolo” que disse num culto: “tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas”, mas o pior que ele disse que
esta palavra está na Bíblia. Sinceramente eu não sabia que Antoine de
Saint-Exupéry constava como profeta ou era um dos apóstolos de Cristo.
A
igreja de hoje tornou-se indolente, mundana e acomodada. Os líderes da igreja
estão obcecados com o estilo e metodologia; perderam o interesse pela glória de
Deus e tornaram-se grosseiramente apáticos quanto à verdade e a sã doutrina.
Quando
Deus promulgou o Segundo Mandamento, que proibia a idolatria, Ele acrescentou a
seguinte advertência: “Eu Sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a
iniquidade dos pais nos filhos até à terceira geração daqueles que me
aborrecem” (Êx 20.5). Outras passagens das Escrituras deixam claro que os
filhos nunca são castigados diretamente pela culpa
dos pecados de seus pais (Dt 24.16; Ez 18.19-32). Todavia, as consequências
naturais daqueles pecados passam realmente de geração à geração. Os filhos
aprendem com o exemplo dos pais e imitam o que veem. Os ensinos de determinada
geração estabelecem um legado espiritual herdado pelas gerações seguintes. Se
os “pais” de hoje abandonarem a verdade, a restauração demandará várias
gerações. Os líderes da igreja são os principais responsáveis por estabelecerem
o exemplo [6].
Pelo
andar da carruagem, creio que a próxima geração, se Deus não intervir, estará perdida
dentro das igrejas. Pois o que mais vemos são pastores mal intencionados
distorcendo as Escrituras e, por sua vez, crentes que são verdadeiros
analfabetos biblicamente falando. Gente que estão longe de seguir o exemplo dos
irmãos de Bereia que consultavam as Escrituras diariamente para conferir o
ensino de Paulo (At 17.11).
CONCLUSÃO
Que
triste realidade a igreja tem enfrentado, mas cabe a cada um de nós, que
queremos ver o Reino de Deus estabelecido, lutar com todas as forças para não
sucumbirmos diante dessas demandas mundanas.
A
luta não tem sido nada fácil, pois o mundo “gospel” tem lutado pera arrebanhar
o maior número possível de pessoas e, infelizmente, tem conseguido. Com isso
temos visto crentes fracos, mundanos, arrogantes, gente que pensa que são
príncipes e princesas de Cristo, e com isso, acham que são melhores do que as
outras. Não temos visto crentes a imagem e semelhança de Cristo, mas de seus
líderes gananciosos, mundanos e mal intencionados. Gente que reflete a imagem
de seus líderes carnais e satânicos.
Eu
realmente não sei se vamos vencer está batalha, mas uma coisa eu peço a Deus,
que Ele me ajude a continuar pregando a verdade ainda que esta seja pregada a
poucos.
Que
o Senhor nos ajude.
Pense
nisso!
Fonte:
1 – Lopes, Hernandes Dias. De: Pastor A: Pastor.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2008: p. 17.
2 – Mendes, José Deneval. Teologia Pastoral.
Editora CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 12ª Edição 2003: p. 39.
3 – MacArthur, John. Com Vergonha do Evangelho.
Editora Fiel, São José dos Campos, SP, 2014: p. 17.
4 – Ibid, p. 45.
5 – Tozer, A. W. A Vida Crucificada. Editora
Vida, São Paulo, SP, 2013: p. 20.
6 – MacArthur, John. Guerra pela verdade. Editora
Fiel, São José dos Campos, SP, 2014: p. 18.
Fonte: www.napec.org
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